1 de mar. de 2012

Os resultados de um nacionalismo exacerbado

No ínterim entre as duas grandes guerras, mais precisamente em 1931, Shoghi Effendi, Guardião da Fé Bahá'í, escrevera o documento "A Meta de Uma Nova Ordem Mundial" (texto disponível no livro "A Ordem Mundial de Bahá'u'lláh" - Editora Bahá'í). Ali, Shoghi Effendi se lembrava dos males que traria a I Guerra Mundial e previra de maneira perspicaz a ascensão do nacionalismo na Ásia e revoltas na África e Américas.
Passados 80 anos da publicação do documento, o mundo viu uma revolta sem precedentes chamada de Primavera Árabe. É indubitável que as revoltas populares que tomaram os países do Oriente Médio e Norte da África terão um impacto permanente no cenário social de seus respectivos países e também no cenário internacional. Os cenários que se abrem vão dos mais otimistas até os mais catastróficos para os direitos fundamentais do ser humano.
Após a derrubada de Ben Ali na Tunísia, o Egito se viu dentro de uma revolta sem precedentes que após quase 60 anos de controle militar tirou Hosni Mubarak do poder. Controlado anteriormente pelos também militares Gamal Abdel Nasser e Anwar Sadat, o início de 2011 trouxe aos egípcios a possibilidade de um novo futuro auspicioso, na qual a população democraticamente escolheria seus representantes e seus caminhos. No entanto, as eleições gerais parecem distantes da exeqüibilidade prenunciada anteriormente pela junta militar que controla o país desde fevereiro de 2011. Ainda mais grave, há indicativos de que movimentos desejam que uma novo Código Civil egípcio limite os direitos de minorias religiosas como os budistas e bahá’ís, conforme relatado recentemente pelo Middle East Media Research Institute.
No caso da Líbia, o cenário que se desenha é ainda mais complexo e tortuoso. Após a tomada de Trípoli, esperava-se que o Conselho Nacional de Transição (CNT) pudesse finalizar o conflito civil e ser reconhecido internacionalmente. O reconhecimento veio em termos quando ficou evidente que a tomada da capital líbia não representava que o CNT fosse uma unanimidade em todo o país.
Diante deste intrincado quebra-cabeça apresentado pelos casos do Egito e Líbia, há uma grande necessidade dos membros da comunidade internacional estarem atentos aos próximos acontecimentos. Um dos pontos principais das revoltas destes dois países do Magreb foi o desejo da população por uma nação mais justa e de respeito aos direitos humanos fundamentais.
Os gritos da Praça Tahir e a coragem dos rebeldes líbios, trouxeram em ambos os países o desejo de uma sociedade mais justa. Esses anseios não podem dar lugar a um sentimento de vingança contra budistas, bahá’ís, cidadãos de países subsaarianos ou de qualquer outra minoria. Cabe a Comunidade Internacional ficar atenta, assim como a opinião pública que tem toda a capacidade de influir nesse debate.


Matéria de Marcos Alan Ferreira que é Professor de Relações Internacionais da ESPM de SP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário